Para quem já joga
Magic há tanto tempo quanto eu, é fácil verificar que muita coisa mudou desde o
dia em que o pequeno Gonçalinho decidiu comprar um baralho de Fortaleza. Nem sempre
fazer um Lightning Bolt em resposta a um Giant Growth foi uma jogada trivial,
nem bloquear um Mogg Fanatic com uma Sakura-tribe Elder foi tão “complexo”
como é hoje. Vou então fazer uma lista das mudanças que acho que foram
positivas ou negativas para o jogo, desde que comecei a jogar. (pelo menos as
que me lembrar):
Positivas:
O Stack
Penso que não seja
necessário explicar muito o porquê desta mudança ter sido positiva para o jogo.
Para os mais novos até deve ser difícil de compreender que os únicos spells que
poderiam ser jogados em resposta a outros eram as mágicas de interrupção
(counters/rituais) e que a tudo o resto era aplicada uma teoria do tipo “Já
está, já está!”. Raio no Savannah. Tens Crescimento na mão? Temos pena, já
está, já está! Fireblast em ti. Tens Healing Salve na mão? Azar! Já está, já está!
O magic só teria vivido tantos anos de forma tão saudável graças a esta mudança
com as famosas regras de 6ª.
Dano de combate
Na altura das
regras de 6ª também o dano de combate ia para o stack. Do meu ponto de vista o
jogo só teve a ganhar com a mudança para a regra atual. Para além de que
explicar a regra do dano no stack a alguém que jogava há pouco tempo parecia
unicamente que estávamos a abusar das regras, a nível de flavor não fazia
sequer muito sentido. Termos oportunidade de salvar o nosso cavaleiro depois de
já ter levado uma valente marretada do Vasquinho a descer a montanha não me
parece muito razoável. Se queres fazer fog, é bom que o faças antes da cabeça
do Cavaleiro estar a rebolar pelo chão do campo de batalha… Para além disso
penso que em termos estratégicos seja muito mais interessante ter que decidir
se preferimos um terreno, ou que o nosso Sakura-Tribe Elder lute até a morte
quando este decide enfrentar o nosso amigo Tiago Chan.
Mulligans
Nem sempre fazer
mulligan foi um dado adquirido. Pois é… antigamente tinhas que mostrar uma mão
de 0 terrenos ou 7 terrenos para poderes fazer mulligan, caso contrario, snap
keep! Basicamente tínhamos todos que encarnar o papel de Fred Gémeo a cada vez
que tirávamos uma mão. Penso que poderia ainda ser melhorado. Um free mulligan
por ronda, ou algo do género:
·
Mão de 7 cartas
·
Mão de 6 cartas + peek à do topo
·
Mão de 6 cartas
·
Mão de 5 cartas + peek à do topo
·
Mão de 5 cartas
Legend rule
Longe vão os tempos
em que ser lenda, significava que só podias ter uma no baralho, ou que quem
baixava primeiro a Lin-Sivvi tinha automaticamente ganho o mirror de rebeldes.
É difícil dizer se as regras de M14 vão ser benéficas para o jogo a nível de
estratégia, mas penso que cartas como o Clone não deveriam ser usadas como
Terminates para lendas e esse problema pelo menos fica assim resolvido. Também
acho que ninguém deveria ser tão brutalmente prejudicado por baixar acidentalmente 2 lendas
iguais, e que a hipótese de escolher uma seja perfeitamente razoável. Até jogar
penso que concorde com elas, resta agora saber se alguem vai conseguir abusar
negativamente delas.
World Magic Cup
Haver um campeonato
do mundo por equipas, como evento exclusivo é espetacular. A distinção entre o
campeonato do mundo individual e por equipas foi muito bem conseguida e o
formato feito foi super interessante. Resta agora encontrar um modo razoável para
atribuição dos slots da equipa. Penso que os 4 primeiros classificados de cada
país por Pro Points fosse plausivel, ou então os 3 primeiros + o Campeão
Nacional (sim, já voltavam com isso… ver mais à frente). Ser apenas considerado
1 jogador por Pro Points, está longe de demonstrar o valor real de uma nação a
nível de Magic. Num jogo que é bastante influenciado pela sorte, ser decidido
cada slot em formato de winner takes all não me parece minimamente adequado.
Negativas (aka cenas que me irritam!)
Hexproof
Tinham uma
habilidade super honesta como o shroud, e decidiram criar o monstro do
heexproof. Há poucas coisas que me irritam mais do que perder para um 1-1 de
merda que não pode ser bloqueado suited com mil equipamentos e duas mil auras, proporcionando jogos com nada de interativo e com tudo de frustrante. A sério… não façam
mais bixos com hexproof, façam-nos com shroud, alguns até podem ser um bocado
undercosted, imaginem o Geist of Saint-Traft com shroud em vez de hexproof.
Honesto, right?
Decks ultra-agressivos
Antigamente
tínhamos tipo o Sligh, ou o Boros. Decks que eram considerados agressivos, que
tinham mãos consistentes e castigavam os oponentes com decks mais clunky ou
draws medíocres. Agora temos autênticos decks de combo com criaturas. Primeiro
turno Champion, segundo turno Burning-Tree Emissary, Burning-Tree Emissary,
Mayor foi algo que já me os meus oponentes já me fizeram mais vezes do que
aquelas que considero expectáveis, e que eu acho que não deviam existir. Pelo
menos antigamente com o affinity, baniram quase 10 cartas do deck e fizeram o
Kataki, a Ancient grudge e a cryptic corrosion. Deviam haver decks agressivos,
mas com moderação! A existência deste tipo de decks já afetou milhares de inocentes que tiveram que aturar os inúmeros posts no Narciso no facebook após
ter vencido o PTQ online. Pensem nisso Wizards, pensem nisso!
Planeswalker points (de certa forma)
Concordo que o Elo
ranking não era adequado, de modo a incentivar alguns jogadores a encostarem-se
ao ranking. Bem… isso também só acontecia porque os jogadores do topo do
ranking tinham grandes benefícios relativamente aos jogadores com ranking
inferior. Vejamos agora. Não há Nacional, não há convites para
o Pro Tour por ranking, a única coisa que poderia ter influencia direta com o
ranking seria a atribuição de byes para GPs, e ainda assim, correr o risco de
perder 1 bye num GP não é algo que faça assim tanta gente abdicar de jogar como
a hipótese de perder o slot do Pro Tour ou no Nacional. Um sistema Elo em que
se era penalizado por inatividade (por exemplo -10 pontos por cada mês que não
se jogava) e que por outro lado se podiam obter bónus de pontos extra por X
número de torneios jogados em Y período de tempo. Penso que seria um método no
mínimo interessante.
Extinção do Campeonato Nacional
O Campeonato
Nacional era o torneio que mais prazer me dava jogar durante o ano. É
inexplicável a sua extinção. Não vejo porque é que a mudança do formato do
Worlds, signifique o término de uma competição como o Nacional. Aliás… o
apuramento para o World Magic Cup utilizando os 3 primeiros classificados do
nacional + PoY de cada país, faria ainda assim mais sentido do que a criação
dos WMCQ… Até os regionais eram torneios interessantes que consequentemente
foram eliminados.
Extinção do Pro Tour de Teams
Muitos de vocês vão
alegar que para isso há o WMC, mas na minha opinião, a criação de um evento
como o WMC, em que cada equipa representa um país não deveria ser sinonimo da
extinção do PT de equipas, em que tens hipótese de ver em ação as melhores
combinações de Pro Players do mundo, bem como a hipótese de te juntares aos
teus melhores amigos para te tentares qualificar no PTQ. São coisas distintas.
Teams é fun, promove o convívio e devia ser algo que existisse a nível
competitivo para toda a gente pelo menos uma vez por ano!
Metagames com 20 decks Tier 1 (é possível que esteja a exagerar)
Oiço muitas pessoas
a dizerem que um metagame saudável é um metagame com 20 decks diferentes. Não
poderia discordar mais. Quanto maior for o numero de decks do metagame menor é
o nível de skill exigido. Aliás, no metagame do caw-blade ninguém tem duvida
que foi dos formatos mais skill intensive de sempre. Como é obvio um metagame
de um só deck não é saudável, se quero um jogo exclusivamente de skill,
dedico-me ao xadrez. Por outro lado os metagames de 20 decks diferentes
assemelham-se ao totobola. São demasiado aleatórios. É certo que podes prever
um ou 2 resultados mas tás sempre dependente da sorte nos jogos de 1 X 2. Podes
até ter o melhor deck, mas se não tens sorte nos matchups não vais a lado
nenhum. Se jogas um torneio de 9 rondas e apanhas 8 decks diferentes, vai ser
muito difícil fazeres melhor que 7-2. Vais sempre apanhar pelo menos dois maus
matchups, e já assim tamos a assumir que ganhas os coin flips (mirror matchs ou
50-50 matchups). O gajo que jogou de Naya Blitz e apanhou 7 Junk renimator vai
se estar a rir no top8, enquanto que tu vais tar a rezar para que os tie
breakers te deem direito ao top16.
Os metagames mais saudáveis são sempre os de pedra-tesoura-papel. Por
exemplo:
Tog >> Boros >> Affinity >> Tog
Dos
três decks tens sempre um bom matchup, um mau matchup e um mirror match.
Consegues assim ter uma maior consciência de qual dos 3 decks vai ser mais
jogado, e preparares da melhor forma a abordagem aos outros dois matchups. Há
ainda a hipótese de fazeres um metagame call com um deck rogue correndo menos
riscos de ser totalmente massacrado pela existência de milhares de abordagens
diferentes ao jogo.
Prize Pool dos GPs e sistema de distribuição de prémios em geral
Continuo
sem compreender como é que o GP Las Vegas com 4500 pessoas teve a mesma prize
pool e Pro Point destribution que o GP Taipei (2010?) com pouco mais de 200
pessoas. Penso que cada GP devia ter a prize pool os Pro Points, calculados e
distribuídos de acordo com o numero de participantes. Vá la... O Nik fez X-3 em
Londres e nem levou 1 eurito de consolação para casa… Na minha opinião, depois
do cut para o top8, os prémios deviam ser distribuídos conforme o número de
pontos. Não é justo que a pessoa que tenha melhores tiebreakers (especialmente
em metagames tão diversos, em que o número de vitorias/derrotas dos oponentes
não esteja tão diretamente relacionado com a qualidade desse
jogador/dificuldade do jogo com tivemos contra ele, mas sim na sorte dos
matchups com que fomos emparelhados), possam decidir se uma pessoa faz top8,
top16 ou top32. O mesmo se aplica por exemplo a um Pre Release. Porque é que
uma pessoa que faz 5-1 fica em 3º e ganha 16 packs, e uma pessoa que faz também
5-1 mas fica em 6º só tem direito a 8? No final do torneio, contavam-se os
prémios a distribuir, viam-se os pontos dos jogadores, e davam-se os prémios de
acordo com os pontos. Não é assim tão complicado e é certamente mais justo.
Bom,
a lista já vai longa e as queixas já são muitas. Se acham que me esqueci de algum tópico
importante ao qual gostavam de saber a minha opinião perguntem nos comentários
aqui em baixo!
Um
abraço
mad
6 comentários:
Bom Artigo, concordo com quase tudo! visto jogar magic a bastante tempo, embora sem nunca num grande nível competitivo, acho que os metagames devem ser variados, temos tido alguns bastante limitados, que tb não é nada engraçado, Hexproof tb acho que é das invenções mais ridículas de sempre, e acho que as míticas xuladas, que dão completamente a volta a jogo sozinhas ridículas tb, quer dizer basicamente estas a jogar e a controlar o jogo, pk tiveste melhores decisões que o adversário que está a jogar mal em quase todas as jogadas, mas tu continuas aguentar e a exercer pressão e ele MILAGRE! BONEFIRE Morreste! Apenas um pequeno exemplo, até pk os milagres são giros..
Obrigado pelo teu comentário. Ainda bem que concordas, assim já nao me sinto velho resmungão
Seu velho resmungao..
Não concordo com a questão do WMC.
Acho que é mais ''fixe'' para o Magic ter algo prestigiante que qualquer jogador pode ganhar. É bom ter algo que te pode dar experiência, senão ficas preso num loop de que tens de te tornar bom jogador para ganhar um torneio para seres um bom jogador, e os PTQs não estão a ficar mais fáceis.
E também não concordo com ter os 4 melhores jogadores de cada país. Só contribui para ter cada vez mais a elite a afastar-se do resto. Só em termos de coverage seria mais interessante. E ainda, também é discutível se deves medir a força de um país pelos melhores jogadores, ou se pela média dos seus jogadores, embora reconheço que os países com melhores jogadores são também aqueles que tem o melhor nivel médio de jogo.
A mudança que gostava muito de ver era mesmo a de ter um torneio grande multiformato para apurar as restantes 3 slotsdo WMC.
Tipo apurar se pelo nats? eu disse ke isso nao era a pior coisa do mundo, podia ser uma solução... Acho que a WMC devia ser assim, com a elite. Para aparecem novos jogadores tens os Pro Tours normais, ou os milhares de GP's.
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